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Os Incas


A civilização inca foi o maior império da América pré-colombiana, ou seja, anterior à chegada dos colonizadores europeus.

O império surgiu no território do atual Peru no século XII e foi agregando diversas civilizações andinas, de forma pacífica, às vezes, e através de conquistas militares por outras.

A palavra "inca" era originalmente empregada para designar o imperador, "o filho do sol", mas posteriormente passou a denominar todo o povo governado por esse imperador.

Quando os espanhóis chegaram ao território do atual peru o império inca estendia-se do sul da atual Colômbia até o norte da Argentina, passando pelo Equador, Peru, Bolívia e Chile e abrangia praticamente toda a Cordilheira dos Andes

Os Incas


Os Andes peruanos são talvez os mais bonitos do continente. As montanhas ainda servem de moradia para milhares de índios Quechua, descendentes diretos dos incas. Eles mantêm até hoje um estilo de vida muito parecido com os dos seus ancestrais.

Uma importante fonte de vida da Civilização Inca era o Lago Titicaca, situado no centro da América do Sul.

O lago Titicaca, ao norte da Bolívia e sul do Peru, é o maior lago da América do Sul e o lago navegável situado à maior altitude (3.810m de altitude) do mundo. Os habitantes dessa região sem árvores fabricam suas canoas com junco e outras fibras flexíveis. Na região que rodeia o lago existem ruínas arquitetônicas de antigas civilizações, algumas das quais datam de épocas anteriores à dos incas.

Os Incas


A formação do Império Inca

A civilização inca se desenvolveu entre os séculos XII e XVI, na Cordilheira dos Andes. Desde o ano 1200 a.C, as zonas costeiras da Cordilheira dos Andes já eram povoadas. A partir dessa época, várias comunidades mais organizadas se desenvolveram, entre elas: Chavin, Tiahuanaco e a Mochica.

Existem diversas lendas que contam a origem do império inca. A mais famosa fala sobre o líder Manco Capac, considerado o primeiro imperador inca, que no século XII chefiou a construção do grande império. Os incas, durante quase 300 anos, expandiram seu território, dominando e impondo tributos aos povos vizinhos. Topa Inca Yupanqui foi o responsável pela maior expansão do Império. No governo de Huayna Cápac os domínios territoriais do império atingiram sua maior extensão. Em 1525, compreendiam o sul da atual Colômbia, o Equador, o Peru, a Bolívia, o Chile e o norte da Argentina
A Expansão do Império Inca (1438 - 1525)
(Clique sobre o mapa para ver as fases da expansão inca)

A sociedade inca


A sociedade inca era ordenada de forma hierárquica. Do Inca (imperador) ao camponês, todos tinham consciência de suas posições na ordem social e de seus deveres.

Vejamos:



O Inca

Também chamado de Sapa Inca, estava acima de todos na hierarquia social. Era o chefe político, militar e religioso. Ele era temido e adorado como um deus, descendente direto do Sol. Ao seu lado ficava a rainha (Coya), sua esposa e irmã mais velha.

Os principais postos da Administração Pública eram ocupados por membros da família do Inca.

A sociedade inca



Sacerdotes

Eram consultores e homens de confiança do Inca, pois nada no império era feito sem que antes fosse confirmado por uma profecia feita por eles. Os sacerdotes eram responsáveis pelos templos e pelas cerimônias religiosas.




Altos oficiais militares

Estavam imediatamente abaixo do Inca. Eram generais, juízes e fiscais; formavam a classe privilegiada da sociedade.

A sociedade inca



Funcionários

Abaixo dos funcionários graduados estavam os arquitetos, engenheiros, pedreiros, contadores, fiscais e administradores locais. Eles formavam o estrato intermediário da sociedade inca.




Soldados

Abaixo dos oficiais graduados estavam os soldados. Eram homens simples, de origem rural, que se alistavam no exército, podendo, em certos casos, chegar a oficiais.

A sociedade inca



As Virgens do Sol

As Virgens do Sol eram moças do campo escolhidas para os serviços do Inca e do Sol. O alistamento dos jovens no exército e a escolha das "Virgens do Sol" eram as únicas formas de ascensão.


Artesãos

Os artesãos incas eram hábeis na arte da tecelagem, cerâmica e metalurgia. Eles teciam lã e algodão formando intrincados desenhos geométricos. Na arte da cerâmica eles preferiam objetos decorativos, representando figuras animais e humanas. A metalurgia em ouro e prata era uma especialidade. Os ourives ocupavam uma posição privilegiada, moravam em distritos especiais e não precisavam pagar impostos. Pouco sobrou dessa rica herança incaica, pois grande parte das peças e artigos em ouro e prata foram pilhados e derretidos pelos espanhóis após a conquista.

A sociedade inca






Agricultores

A maioria da população era composta por agricultores e pastores. Eles formavam a base da sociedade, sem privilégios ou reconhecimento social. O acesso à educação formal lhes era vetado e tudo o que aprendiam era ensinado pelos pais.

Vida política e religião


Tudo é divino!

Na sociedade inca, política e religião eram uma coisa só. O império inca era uma teocracia rigidamente organizada em grupos sociais e governada pelo todo poderoso Inca. Ele era adorado como um deus vivo. O Império Inca era chamado de Tahuantinsuyu, que significava os "Quatro Cantos do Mundo".

O território, por sua vez, era subdividido em unidades socioeconômicas de caráter familiar denominadas ayllu.


Cerimônias e deuses

As cerimônias e rituais religiosos incas estavam relacionados ao cultivo, à colheita e à cura de doenças. As crenças incas eram de base animista. A ligação do povo inca com os astros - Sol e Lua -, com os elementos da natureza - chuva, trovão, vento, etc. - e com os animais era total. O próprio nome do povo, "Inca", significava Povo do Sol.

Os incas reverenciavam o Sol, considerado o deus universal que a tudo sustentava com sua luz e poder. Eles acreditavam que o sol era o "pai" do primeiro e lendário inca, Manco Capac, que emergiu do Lago Titicaca e fundou o império inca.

Vida política e religião





Inti, o deus Sol

Inti era o protetor da Família Real. Seu calor beneficiava a terra e trazia o florescimento e o crescimento das plantas. Era representado como o disco solar com um rosto humano.



Inti Rami, a grande Festa do Sol, era celebrada no inverno. Os incas, para dar as boas vindas ao Sol, ofereciam-lhe sacrifícios. Ao fim da celebração, exclamavam:

"Oh Criador, Sol e Trovão, sede jovem para sempre! Multiplicai os povos! Deixai que vivam em paz!"

Vida política e religião





Quilla

Quilla era a mulher de Inti, a mãe Lua, encarregada de regular os ciclos menstruais das mulheres. Da mesma forma que o Deus Sol Inti, era representada como um disco lunar com um rosto.



Viracocha

O deus supremo dos incas era Viracocha. Ele foi o criador de tudo e de todos. Era chamado de Velho Homem dos Céus, Senhor e Mestre do mundo. Viracocha era adorado sem sacrifícios, pois era visto como o dono de tudo. Criou e destruiu os homens. Mas tornou a criá-los, a partir da pedra. Depois os dispersou nas quatro direções. Ensinou aos seres humanos várias técnicas e ofícios.

Vida política e religião






Apu Illapu

O deus da chuva era Apu Illapu. Os incas, na época das secas, faziam peregrinações aos templos consagrados a Illapu. Ele era um deus ligado à agricultura. Eles ofereciam-lhe sacrifícios humanos, se a seca fosse muito persistente. Acreditavam que Illapu encontrava-se na Via Láctea, de onde sairia a água que chegaria à Terra em forma de chuva.






Pachamama e Pachacámac

Outros deuses importantes são Pachamama e Pachacámac. Pachamama, a Mãe Terra, era a Senhora das montanhas, planícies e das rochas. E Pachacámac, o Pai dos cereais, animais, pássaros e também dos seres humanos.

Vida política e religião








Macchu Picchu: santuário e fortaleza

Macchu Picchu era um lugar sagrado, reservado para cerimônias religiosas restritas à família real e à nobreza. E também servia como fortificação, pois do alto era possível observar o inimigo e impedir invasões.

Trabalho e Sobrevivência


A agricultura era a principal atividade econômica dos incas. Uma grande população precisava ser alimentada, mas a terra disponível para essa atividade era reduzida. Assim, todos os mínimos espaços de terra e das áreas montanhosas dos Andes deveriam ser aproveitados para produzir milho, feijão, batata e coca.

Os alimentos deviam ser armazenados para épocas de seca ou de enchentes. A sobrevivência, a reprodução e a expansão de todo o Império estavam diretamente relacionados à produção agrícola. Era uma atividade tão importante que havia deuses encarregados de protegê-la.







O Inca participava da abertura da estação do plantio. Ele, como o deus vivo entre os homens, era responsável pelo sucesso das safras. A alimentação, a reprodução e a expansão territorial do Império estavam em jogo. Os nobres acompanhavam o Inca nessa tarefa.

Trabalho e Sobrevivência




Homens e mulheres, todos participavam da atividade. Os homens preparavam a terra e as mulheres semeavam. Os incas tinham um cuidado todo especial com a terra. Os lotes eram arados e irrigados para garantir uma maior produtividade.






Por ser reduzida a terra disponível para o plantio e a criação, os incas construíam terraços separados por paredes de pedras, para evitar a erosão das encostas. A produção devia ser suficientemente grande para alimentar a todos e ser ofertada ao Inca e aos deuses. A parte que cabia aos deuses era armazenada para épocas de seca, de chuvas excessivas ou mesmo de entressafra. Os cultivos mais importantes eram o de milho, batata, tomate, feijão e folhas de coca.

Trabalho e Sobrevivência


Curiosidade: As folhas de coca, quando mascadas, produziam um efeito estimulante e alucinógeno. Contudo, somente os sacerdotes e a elite podiam consumi-las.


Os incas domesticavam a lhama, para transporte e, para os sacrifícios rituais e, eventualmente, para alimentação e a vicunha e a alpaca para usarem a fina lã que reveste seus corpos.

Contabilizando a produção



Para fazer contas, usavam o quipu.

Separando feixes de cordas e prendendo-os com nós, os administradores incas controlavam a quantidade de alimentos estocados em seus armazéns.

Os Descendentes


Peru: uma história de conquista e dominação...

Em 1528 o conquistador espanhol Francisco Pizarro chegou ao Peru. Em 1532 fundou a primeira cidade espanhola, San Miguel de Piura, e chegou a Cajamarca, onde capturou o Inca Atahualpa, pondo fim ao império incaico.

Em 1545, os espanhóis descobriram minas de prata em Potosí (atual Bolívia) e iniciaram um violento processo de exploração e destruição das populações indígenas. Os espanhóis implantaram formas de exploração colonial baseadas no trabalho escravo e semi-escravo, como a mita e a encomienda, utilizando a mão de obra indígena.

Ao implantarem o sistema colonial, os espanhóis proibiram os povos nativos de expressarem suas religiões e crenças e impuseram o catolicismo como única e verdadeira fé. Ao fazerem isso, provocaram mudanças radicais na vida desses povos, enfraquecendo-os e desorganizando-os.

A destruição das culturas nativas e a miséria da região são as tristes heranças do período colonial. Mesmo sofrendo todo esse processo de desestruturação, os povos indígenas reagiram e organizaram diversas revoltas. O Peru foi palco de muitos desses conflitos. O mais famoso deles foi liderado por Tupac Amaru II, em meados do século XVIII. Considerado o último descendente do Império Inca, Tupac Amaru foi preso em 1780 por defender os interesses dos índios e liderar o enforcamento do corregedor espanhol Antonio Arriaga. A revolta se intensificou e, em 1781, Tupac Amaru e sua família foram capturados. Como punição, ele foi obrigado a testemunhar a execução de sua esposa e de seus filhos, e depois foi esquartejado.

Os Descendentes


O tempo passou...

Os descendentes incas e as heranças culturais

Os descendentes dos incas hoje constituem 45% da população do Peru, falam o dialeto quechua e são em sua maioria camponeses que vivem na região dos Andes. Eles vivem da agricultura e pecuária, utilizando técnicas rudimentares herdadas de seus antepassados. Habitam povoados e formam comunidades fechadas com a prática do casamento consanguíneo. A maior parte da produção agrícola está organizada na forma de cooperativas. A religião é uma mistura do catolicismo com a religião dos antigos incas.